SOPROS DE LIBERDADE

23 de setembro de 2015




                 Adélia Prado já aos quarenta disse: " Não quero faca nem queijo. Quero a fome.''

É Adélia querida, quem diria que chegando aos trinta e até (já passando deles) eu ainda sentiria esse alvoroço, cultivaria um coração inquieto, que anda de pés descalços, caçando emoções, nutrindo um desejo fértil pela felicidade!

E não adianta querer me mudar, nasci assim, coração no volante e fim de prosa.
Uma cidadã reflexo de tudo que a rodeia, mutante, repleta de sentimentos não definidos, talvez um misto de certeza e falta de chão. Que fala sem rodeios sobre uma liberdade infinita e urgente que mora no meio peito. Liberdade dos achismos. Liberdade do que é clichê, do que é passado, da ''obrigação do status'', das vontades fúteis. 
Essa sensação fulminante que ninguém sabe onde começa e onde termina. Sobre ela  não se decide absolutamente nada. Chega, avassala o cerebro e deslumbra os olhos. Ela simplesmente acontece. Mas e ai?

Belo dia você abre os olhos e ela esta la, sentada na cadeira ao lado da sua cama,  você evita olhar o relogio porque percebe que ela deixou de ser uma menina bonita de rosto sardento e rosado e passou a ser um senhor de barba, sentado em sua cadeira de balanço ressoando o maldito tic-tac na sua cabeça. A mesma que você enfia no travesseiro. Se enrolando toda naquela sobra de cobertas que fica na cama depois que o marido sai. 

Você desliga o mundo e organiza a mente, no silêncio do quarto, pelo lado de dentro. E por esse lado, graças a Deus, nunca te foi sugerido que abandonasse alguma parte essencial sua. Então você decide ir, imperfeita mas inteira. Porque somos assim,  Mick Jagger e eu, dramáticos que acreditam no poder avassalador da insatisfação. Somos desses capturados pela incontrolável vontade de viver. Ela esta bem ali, na antessala da vida te esperando, querendo uma chance, uma brecha, uma resposta. É a conta chegando, e você não pode estar no saldo devedor.
Por isso decide, agora é janeiro o ano inteiro. Liberdade pra fazer tudo o que se quer fazer. E não existe nada mais gostoso e livre do que se deixar levar pelo que o coração manda. 

Já que somos uma jornada, aproveitemos a viagem. 
Pode cortar a fita da linha de chegada. Se ouvir meu nome na boca da vida, não poderei responder (não agora), sinto muito.  Eu fico aqui com meu café, amando música, sendo amada e tendo a sorte de poder ouvir meu coração, porque eu só quero viver e isso é pra Ontem! 



POR: DRI ANDRADE


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