Voltando pra órbita

14 de janeiro de 2013



Esse texto não é sobre amor. É sobre a vida. A vida exatamente como ela é.
T
em sol, tem nuvem, tem riso e tem desgosto também. Tem gente cantando, tem gente chorando, tem gente te amando e gente tentando tirar o seu brilho. Sendo seu amigo de verdade e outros só fingindo ser. 

É, é assim que as coisas são.

Não acho a vida difícil, apenas repetitiva. Às vezes cansa lutar contra coisas tão pequenas que não servem sequer para evoluir o espírito. Deve ser por isso que escolhi a escrita. Por que nela há sempre espaço para enfrentar o tédio da mesmice das coisas. Às vezes a gente sai do eixo. Transtorna, transborda. Nessas horas a gente diz coisas que nunca pensou. Depois fica aquela coisa rasgada no meio do peito, a gente tentando remendar o que se partiu. A gente sai de si para dar lugar a uma estranha cheia de coisas pequenas e nada bonitas. Às vezes a gente perde mesmo a delicadeza e a educação vai junto. Mas não tem ser humano que não seja assim quando forçado por todo tipo de emoções. Então, não me chicoteio por meus atos de insensatez. Quando a gente se dá conta de que tem peculiaridades importantes, com um pouco de sorte, elas podem virar motivo de apreço em vez de provocar incômodos. Eu fico muito magoada! Mas não é humilhação que sinto, por que é tudo tão bobo, tão adolescente que me bate um desprezo. Depois acabo compreendendo a chatice inteira e fico é muito triste. Essas coisas repetitivas da vida.

Em geral os processos demoram pra acontecer dentro de mim, mas eu gosto de ver a evolução. 
Não sou uma pessoa infeliz. Nunca fui. Algumas tristezas me imobilizam. Mas por causa do meu temperamento há no meu interior uma coragem inegociável que me move. Se tem jeito eu me esforço pra que fique bem, se estragou e não da pra consertar, então jogo fora e recomeço diferente, entende? Aprendi muito com a vida. Que a gente tem que se deixar ser. Se liberar, parar de se julgar. Gosto muito de abraços, de amigos que chegam cheios de amor pra dar. De conviver, de dividir. E aprendi que devo gostar dos desgostos também, por que eles fazem parte desse pacote. Os desgostos são muito importantes pra gente, neles a gente se acha. Aprende. Muda.

Já chorei por coisas que hoje penso não merecerem consideração e agora sei a diferença entre fogos de artifício e faísca. Faz tempo que deixei de me importar com o que os outros acham ou deixam de achar, faz tempo que parei de basear minha vida pelo julgamento dos outros. As pessoas que convivem comigo sabem quem eu sou. Quem me ama de verdade se importa com o que eu sinto, o resto é só o resto e eu não me importo mais. Aprendi que não devo ser minha inimiga, me cobrar demais. Preciso aprender que a gente não ganha todas as batalhas. E que não faz mal se as coisas dão errado de vez em quando. Tudo serve pro meu aprendizado. Pro meu crescimento e principalmente, os momentos confusos vem pra gente repensar a rota, a direção das coisas, saber quem fica e quem sai da nossa vida. Quem vale à pena e quem só traz frustração. Saber valorizar com todas as forças aquelas pessoas que me conhecem de verdade e me gostam assim, tal como sou. Sem fingimento, sem esforço demais pra agradar a quem só idealiza a perfeição e nunca está satisfeito. 

Hoje eu vejo e acredito que tenho muita sorte pelas pessoas que tenho ao meu lado. E quem não está é por que não era pra ser. Como diz a minha mãe: ‘’ As pessoas maduras sofrem menos por que passam a entender os sinais’’. Parece que enquanto eu dormi, a vida resolveu me presentear com o entendimento das coisas. Para que não houvesse o peso das vivências, mas apenas os ensinamentos que elas me trouxeram.

Então, preciso voltar a ser eu. Voltar pra minha realidade. Não posso regredir. Preciso voltar. Pros antigos amigos que sempre estiveram ali pra mim, voltar a me relacionar com pessoas mais maduras do que eu, isso é bom. Faz um bem danado. A gente aprende muito e entende que a vida é isso. Um vai e vem de coisas e pessoas. Que cada um tem que seguir seu caminho no seu tempo. Quem não é pra ficar se torna lembrança e a vida segue como antes, como sempre foi. Por isso, resolvi fazer as pazes comigo.

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