Você leva uma vida comum,
até que você conhece alguém, que chega devagar, cheio de peculiaridades e aos
poucos vem trazendo o amor pra dentro da sua vida, e ela então, passa por um
processo de conjugação diferente, a vida acompanhada ganha um significado
especial.
De fato não é fácil viver uma vida a dois. Amar é uma luta diária para que tudo
funcione bem, para que a gente consiga ajustar os temperamentos e expectativas
diferentes, para que a paixão permaneça cúmplice, para que os sonhos ganhem
força, para que a amizade se desenvolva. O ‘’eu’’ agora passa a ser ‘’nós’’, o
amor virando parte da rotina como uma extensão de você para o lado de fora.
‘’Nós’’, agora estamos em todas. Pra toda obra. Pra tudo que vier. Embora os
momentos de singularidade ainda se façam necessários, é no ‘’nós’’ que nos
sentimos em casa. O que antes era pesado
passa a ser mais leve, o inalcançável se torna perto porque você tem alguém que
te impulsiona na direção dos seus objetivos, aquilo que deveria te machucar ao
extremo, se torna menos doloroso quando você deita a cabeça naquele colo para
receber o melhor aconchego e conselho do mundo. E então você começa a perceber
que nada mais do lado de fora pode te atingir tanto assim.
A gente tem sempre a tendência de procurar por amores prontos, pré-fabricados,
perfeitos, mas o amor de verdade, pede menos exigência e mais cuidado. A cada dia podemos aprender algo novo, o que nos faz valorizar coisas que só nós
enxergamos, mesmo que pareçam tão bobas e pequenas. Como quando ele ri das
piadas sem graça que você nunca sabe contar, o abraço roubado no meio do corredor, como escovar os dentes
juntos rindo de alguma coisa boba que aconteceu com um dos dois durante o dia, o bilhetinho na porta da geladeira.
É por isso que não podemos
entender o amor olhando com pressa. Ele pede delicadeza, atenção, paciência,
saudades e alguns silêncios. Sim. O amor está nas pequenezas do dia a dia. É
como uma bateria que precisa ser recarregada diariamente, pois, é na rotina que
ele fortalece suas raízes e embora seja um caminho árduo o dessa convivência,
ele é simples e puro em sua essência. Quanto tempo a gente perde
nessa ideia de querer mudar o outro pra que ele se ajuste ao nosso jeito,
quando na verdade, são nas diferenças que a gente se completa. É, amar nos tira
da zona de conforto, muda nosso ângulo de ver e nos faz enxergar coisas através
dos olhos de outra pessoa, o amor nos engrandece, nos confronta todos os dias
sobre estarmos realmente certos de abraçar ele com todo o seu pacote. Nisso
tudo existe mais beleza do que a gente realmente pode ver. O nosso mundo não
precisa ser igual, a gente só precisa somar e contribuir para que o mundo do
outro seja uma casa feliz e habitável.
No final das contas amar é
uma decisão, a junção de duas cabeças diferentes que decidiram conciliar seus
mundos, seus sonhos, ideologias, medos, manhãs de sol, manhãs de chuva e ainda
assim...viver cada dia, dando uma chance para as diferenças, para
os dias quase sempre todos iguais, sem regras nem manual, apenas a vontade de
fazer dar certo.