O mundo gira. A vida segue apressada. Correndo, voando. Não
para nem para uma pausa pro cafezinho. Deveriam inventar maneiras de ler o
jornal mais rápido, trocar a cor do esmalte a cada quatro dias, um rímel que
não borrasse e aparecesse instantâneo em nossos cílios (por que dá um puta
trabalho reaplicá-lo todos os dias de manhã). Um rosto eternamente com blush (o
salvador da pátria de qualquer rosto cansado).
Frases prontas para todas as respostas que não sabemos, alguém que chame
o elevador sempre que estamos atrasados. Fazer torradas antes de ir para a cama,
namorar o sossego dos braços da cara-metade, escrever, ler um livro bom.
É bem verdade que a gente adia pequenas coisas por muito tempo,
sem nenhuma explicação aceitável. Um viver
devagarinho, com uma preguiça aguda. Um bando de seres práticos, organizados, que
respeitam regras e cumprem prazos. Do outro lado, não muito distante, uma gente
selvagem, cujas decisões sobre qualquer coisa, são tomadas em seu próprio tempo
e de acordo com suas próprias vontades. E...enquanto os práticos procuram cumprir
todos os protocolos, essa gente selvagem só quer atender ao pedido do próprio
coração. Só se interessa por fortes emoções, grandes surpresas e novidades
intermináveis.
Por que o mundo não precisa ser sempre igual. Os dias não precisam passar de repente. Uma montanha russa que dura um dia inteiro, uma semana, um mês, uma vida. Um montão de tesão reprimido.
Prefiro ser essa gente, meio louca, meio afoita, que compra passagem só de ida e parcela a aposta de felicidade no cartão à perder de vista. Que mergulha na profundidade de escolher entre escrever uma
vida normal ou simplesmente fugir do lugar comum. Que tem o privilégio de sentir o melhor do mundo e enxergar o valor
das coisas pequenas. Por que a vida presta mais assim. E mesmo desse jeito, fico ainda na expectativa de que
tudo pode acontecer....Inclusive nada.