Por que a tua cabeça maluca
combina com a minha. No fundo somos dois anormais. Como fogo em brasas. Mas é
um fogo estranho, que só queima pra gente. Você sabe, a gente entende.
Não te querer exige uma parte
muito grande de mim.
A gente tem caminhos diferentes, sempre teve. Tenta aceitar isso de uma vez.
Por que dessa vez não é como antes você sabe. Não adianta vir mexer em mim
quando tudo tá um marasmo. Hoje o que eu gosto em você é só essa sensação
de remeximento em mim, nas minhas coisas ocultas, mais nada.
E vê? Eu tô no meio dessa bagunça agora. Em toda bagunça do quarto, nessa bagunça da
gaveta do meio. Quando tudo está certo eu até estranho. Por que
você é louco e eu também sou. Porque a gente brinca com fogo e cutuca onça com
vara curta.
Pra gente, não existe o ponto em que o silêncio basta. Não.
É preciso encher o vazio. É sempre essa mania de não saber ir. E dessa vez não vou perguntar, porque você nunca tem resposta. Por que você
sempre consegue inverter as coisas. Só que agora o silêncio é meu. Nessa nossa
história não há vencedor. Depois de perder a razão a gente volta pra
realidade, e a realidade é que a onça não precisa de vara curta pra te
alcançar. Nunca precisou!