Se eu pudesse ter um desejo agora, mesmo assim, com tanta
coisa urgente dentro de mim, eu desejaria nunca parar de sentir. Viver com
paixão, sinceridade, intensidade e muita criatividade. É tão bom ver a vida
colorida, porque no mundo real as pessoas só enxergam em preto e branco. A vida ta cheia de pessoas rasas, com vidas limitadas.
Tenho preguiça de quem não tenta. Quem não pula. Quem tem medo de arriscar e vive
sempre com os pés no chão. Se segurar é bom, mas como voar com os pés no chão? Acho mesmo que certos riscos compensam, o difícil é saber quais.
Todo dia desejamos, todo dia dizemos que vamos fazer e
acontecer, somos mestres da falácia do discurso decorado. Falta profundidade,
sobra superficialidade. Pegamos a mágoa e guardamos na gaveta. Queremos
refrões que venham compor a nossa história e nos fazer entender todas as notas que a vida dá. Sem tons originais. Vestindo as roupas que nos dão. Vivendo
de sentimento plastificado. Vai dando uma canseira danada esse negocio de não
poder ser. Ter que trocar de pele mil vezes. Arrastar correntes por caminhos de
pouca luz. Sem saber que viver é jogar, apostar, mesmo sem saber se iremos
ganhar ou perder. O medo nos paralisa. E assim, vivemos naufragando em águas
rasas por que não sabemos nadar. Por que o comodismo é um vício irresistível.
Há tanto para descobrir, há tanta coisa além de nós. Já tive a impressão que gente boa morria jovem. Hoje eu acho que cada um tem a sua hora e não importa o que faça de bom ou de errado, nada vai mudar o fluir das coisas. Acho que quem vive intensamente vive tudo rápido, tudo de uma vez. Mas quer saber? Eu não abro mão dessa intensidade, de profundidade. Para ser bom de sentir, é fundamental estar apaixonado. Ter coragem, ter vigor, alegria e um encantamento pelas coisas. Gostar da pessoa que nos tornamos e sentir conforto de estar dentro de si.
Sei lá, um belo dia acordei bem com minhas circunstâncias. Sou
nova ainda, mas já vivi pra caramba, bem mais do que outros que estão
passando pela vida com menos curiosidade. A verdade é que eu tô ficando velha.
Tô preferindo encher mais os olhos do que os bolsos. E gosto de pensar que vou
transpirar o quão necessário for. Por que ser feliz pode ser uma decisão. Ser livre
também, a sensação é poderosa. É fazer da nossa vida algo cada vez mais valioso
e saber que cada minuto não volta mais, ele apenas continua, e nos devolve
aquilo que damos espontaneamente à vida. E então, você percebe que o futuro é
hoje. E então, o futuro foi ontem. De repente as coisas não precisam mais fazer
sentido. O sentido é simplesmente ser.
Às vezes a vida parece querer devorar a gente inteira. Acontece que nasci com a fé no bolso e um par de asas na alma. Quero mesmo é gastar palavras. Esgotar sentimentos e me sentir feliz. Talvez o grande lance da vida seja esse: Fazer o que se ama, viver intensamente. E disso, ‘’os loucos sabem...’’