SOBRE FELICIDADE E A GRAMA MAIS VERDE

22 de agosto de 2016


Quando eu era criança vivia querendo ser grande. Me imaginava com 30, formada, trabalhando e realizada em algo que eu amava, amando alguém, saudável e ...FELIZ.
Cresci. Já passei dos 30 (quase 32), conquistei tudo isso e ainda continuo buscando tantas outras coisas, porque a gente é assim, quando finalmente encontramos o que procurávamos, nos sentimos vazios outra vez e damos logo um jeito de arrumar um plano novo pra transformar em sonho.
Tudo isso é bom, mas não é sinônimo de felicidade, até porque, a tal felicidade que todos tanto buscam é relativa, pessoal e intransferível.

A gente tem mania de olhar pelo lado de fora a vida das pessoas, uma foto ‘’feliz’’ postada na rede social, pegar tudo aquilo que a gente vê diariamente, compilar e dizer: “ Nossa, que vida feliz essa pessoa tem! ’’.  Mas na verdade a gente não sabe nada do que se passa lá dentro. Não sabe as guerras que ela luta, não sabe se ela chora no chuveiro, (com certeza que chora, todos nós travamos nossas guerras, a diferença entre a nossa carcaça e a do outro é apenas a maneira como escolhemos lidar).
Diariamente
somos alvejados por uma fórmula deturpada de felicidade que tentam nos vender e não sabemos o quanto a felicidade é mais simples do que pensamos e que tem muito mais a ver 
com a forma como ‘’enxergamos’’ as coisas. As vezes a gente só precisa sair de onde está, entrar numa dimensão diferente, experimentar coisas novas para ver o mundo com outros olhos, com a fé que há dentro de nós, que enche o peito de coragem e que nos move a olhar a diante e ser grato independente se o céu está nublado ou não, se a conta bancária está recheada ou não, se temos o que queremos ou apenas o que precisamos. Agradecer engrandece a gente e engrandece o momento! Eu tô falando da grandiosidade das pequenas coisas, de em meio aos problemas ter um coração tranquilo e a alma equilibrada, de enxergar a vida como uma casa que precisa ser constantemente renovada, nos livramos das tralhas, tiramos a poeira daquelas áreas intocadas, mudamos alguns móveis de lugar e recuperamos nossa essência em cada gaveta que abrimos e arrumamos. 

Felicidade é uma fração de segundo, uma decisão, é viver o tempo a nosso favor. Olhar para o presente e para as coisas boas que acontecem nele. Por isso, a grama mais verde não é daquele que parece mais ‘’feliz o tempo todo’’. É aquela cuidada com suor, regada, sofrida, cultivada nos dissabores também. A grama mais verde é de quem aprende mais, de quem enxerga além da capa, de quem não acha que é menos feliz porque vive muitas guerras, (e essas são as que travamos com a gente mesmo na maioria das vezes), de quem sabe que elas existem não para nos fazer infelizes, mas para nos tornar mais humanos. Que as lutas existem para todos e que não precisamos ser perfeitos, não precisamos estar sempre certos, não precisamos ter um monte de ‘’coisas’’ para nos sentir satisfeitos. Que são os dias nublados que contrastam com os alegres. Que sabem que a gratidão de estar vivo, de fazer um pouco do que a gente gosta e de ter por perto quem se ama já basta.

Que cada um de nós encontre
a concepção de vida que lhe permita seu ideal de felicidade. Que ela possa ser saboreada mesmo que em conta gotas, não numa vida de comercial de margarina, mas com a nossa grama (REAL), verdinha, regada, suada, sofrida e valorizada, pra crescer forte, bonita e quem sabe servir de inspiração para outros quintais.







QUANDO TERMINA É PORQUE ACABOU!

27 de julho de 2016

Ao contrário do que muitos pensam, o oposto do amor é a indiferença e não o ódio. Ela é um vermezinho que corrói, dói, confunde e sufoca sem tocar.  Foi Khalil Gibran que disse que é '' a metade da morte, ao contrário do desejo que é a metade da vida.''
A gente se acostuma com o sapato apertado, com o corte de cabelo que deu errado, a tomar café correndo por que está atrasado.  Ao emprego que não gosta, mas precisa. Porque a gente sempre acha que tudo é uma questão de tempo.  A gente só não se acostuma com a falta da voz ao telefone, do abraço apertado até quase sufocar, do sorriso engraçado, das conversas noturnas, das mãos pelo cabelo, das mensagens cheias de saudade.  É tipo como morar num apartamento de fundos e não ter outra vista a não ser as janelas gastas do vizinho. 

O silêncio a dois não incomoda, o que incomoda é o vazio das palavras de quem tem o que dizer mas prefere deixar passar. Amores perdidos no tempo que a gente precisa aprender a deixar ir,  embora ninguém nunca tenha nos ensinado como.
Certos amores são como as roupas guardadas por muito tempo na gaveta.  A gente coloca no varal pra tirar o cheiro de mofo, deixa tomando sol mas não adianta, não dá mais pra usar,  ta surrada,  ta manchada e as manchas não saem nem com todo vanish do mundo.  Tem coisas que,  de tanto tempo sem uso não se encaixam mais no nosso jeito de ser.  A vida é assim, tem umas que a gente vê e já sabe e outras que a gente esta cansado de ver,  mas nunca vai entender.

A gente tenta,  pratica,  até que desapega,  mas fica sempre aquela ponta solta,  uma sobra.
Tem sobra na sua bolsa, tem sobra na sua cama, no seu peito e em tudo que te rodeia e não dá pra fazer uma 'Lipo' no amor, enxugar os excessos, tirar o que esta pesando, mas dá pra se refazer,  sempre e de uma nova maneira.  E se o amor nunca termina,  então,  ele continua de outras formas, em outros lugares, em outros romances.
Então deixa ir,  cola um lembrete na porta da geladeira, escreve de batom vermelho no espelho, cria um mantra que é pra não esquecer de se permitir ser feliz outra vez. Talvez a felicidade esteja em seguir em frente. Porque todo mundo carrega um nózinho no peito e continua vivendo. A volta por cima é só a continuação. Sempre tem gente pra ocupar o lugar, a casa e o coração.

APENAS MAIS UMA SOBRE O AMOR!

13 de julho de 2016



Muita coisa já foi dita sobre o amor e todos nós carregamos uma história bonita, tenha ela continuado ou não. E não importam os anos, o que foi de verdade simplesmente permanece. São histórias que a gente só se atreve a lembrar no silêncio do quarto.  No silêncio da gente. Nas noites de insônia, quando pensamento vai longe e resolve abrir aquela caixa de lembranças daquele amor já amarelado pelo tempo, que decidiu não partir e acaba adormecendo dentro do peito. Mas só adormece.
O amor dói. Arde. Cura. Transforma e às vezes faz a gente chorar. Mas nada tira a beleza do amor, por que até doendo ele é bonito. Com todos os seus traços, rabiscos e partes enferrujadas. É tanta coisa que o amor pode conter. São tantas juntas e um emaranhado de sentimentos. É simplesmente um turbilhão que acontece sem precisar de palavras.

E quem nessa vida quer passar por ela sem ter vivido um amor assim? Forte. Único. Daqueles que só você sabe a diferença que faz. Que fica marcado e que te lembra o que é sentir todas as sensações possíveis de uma só vez. O amor. Do jeito que ele é. Complicado e ao mesmo tempo tão simples. Que fere e que cura. Te liberta e te prende. Fugaz e permanente. Que te mostra o mais bonito dessa vida tão inconstante e tão banalizada.

Você sabe que é amor quando ele te transborda, quando ele te transforma. Quando você se sente não cabendo num corpo só.
Às vezes ele fica ali, acomodado no sofá da sala...traçando o seu molde.
Amor que resolve não partir tem dessas coisas.  Se sente à vontade dentro da casa. E o único jeito é aceitar que teremos que conviver com ele como parte concreta de nós porque a vida não vale à pena sem o amor preenchendo nossas lacunas. Só o amor nos liberta de todos os nossos medos. Só ele nos dá vontade de seguir em frente, mesmo fazendo latejar vez ou outra o coração da gente.

EU NUNCA FUI NORMAL

17 de outubro de 2015



PLANEJAR VÁRIAS COISAS, mudar de cidade, emprego, de sonhos. Isso não temnada a ver com inconstância, mas com buscar o que nos faz feliz!
É claro que isso não se aplica a todos, falo de mim, porque vida estática nuncafoi muito a minha praia, eu até já tentei, mas dá comichão, ansiedade, dor de cabeça, insônia, enfados. Vida mergulhada em aspirina e cafeína.
Já me senti culpada por simplesmente ser incapaz de fazer o que todos fazem,focar numa única coisa e seguir uma rotina. Talvez ter muitos projetos e ideias nosdeixe mesmo sem um foco, mas no meu caso, em certa fase da minha vida essainquietação foi extremamente positiva, pois acabou me trazendo ao que me tornei,aumentou o meu campo de visão sobre tudo ao meu redor, me trouxe experiências euma variedade de coisas que eu jamais teria conhecido. Lugares, pessoas, culturas, aescolha de uma profissão que tem o meu jeito e projetos que me realizam.
Isso pode até parecer papo de quem já está com a vida ganha, mas foiexatamente sobre isso que comecei a pensar anos atrás: “Seria muita ambição quererfazer aquilo que o nosso coração pede? Qual teoria de vida seria assim tão maisimportante que a prática?”.
Se perder de si vez por outra faz parte da vida tanto quanto tomar café, isso éfato. Então, talvez o primeiro passo seja descobrir quem você é e o segundo, saber oque fazer com aquilo que descobriu. Quer coisa pior do que quando nos olhamos etemos a sensação de que não saímos do lugar? Aquele momento em que você percebeque falta algo, que não seguiu seu coração e jogou no lixo seus verdadeiros desejos.
Antes detudo, seguir o coração não significa abandonar tudo ou não ter umroteiro. É planejar algo que não te faça perder a vida, um caminho que você seidentifique e se enxergue nele. Então vá e saia do piloto automático, invista seu tempoem você, tenha um plano B, enquanto for necessário dedicar-se ao plano A. Se sernormal é fazer o que todos fazem, um monte de seres humanos em série, então, quetortura isso! Tenho amigos que preferiram seguir o caminho mais “prático” da coisa,aquele já pronto, já trilhado por outros e hoje amargam suas decisões precisandorecalcular a rota em busca do que realmente os realiza. Isso também é normal, já quevivemos em constante mutação.
As experiências que carregamos nos definem, elas são a gente nascendo para omundo. Talvez você não entenda isso, talvez as minhas ideias sejam só minhas. Tudoque sou hoje devo à minha inquietação, então se você também não é normal, tocaaqui! E se na busca por você ainda não houve resultados concretos, mas se mesmoassim, bem no fundo, você sentir a vida te convidar, então, gentilmente tire os sapatose entre. Respire fundo. O mundo não te deve nada, nem você a ele. Assuma seu jeito eseu tempo, ele está dentro de você. Sem precisar ser perfeito ou impressionar, quemsabe servir de inspiração para alguém já seja meio caminho para uma vida autêntica.

Boto fé!

POR: DRI ANDRADE


SOPROS DE LIBERDADE

23 de setembro de 2015




                 Adélia Prado já aos quarenta disse: " Não quero faca nem queijo. Quero a fome.''

É Adélia querida, quem diria que chegando aos trinta e até (já passando deles) eu ainda sentiria esse alvoroço, cultivaria um coração inquieto, que anda de pés descalços, caçando emoções, nutrindo um desejo fértil pela felicidade!

E não adianta querer me mudar, nasci assim, coração no volante e fim de prosa.
Uma cidadã reflexo de tudo que a rodeia, mutante, repleta de sentimentos não definidos, talvez um misto de certeza e falta de chão. Que fala sem rodeios sobre uma liberdade infinita e urgente que mora no meio peito. Liberdade dos achismos. Liberdade do que é clichê, do que é passado, da ''obrigação do status'', das vontades fúteis. 
Essa sensação fulminante que ninguém sabe onde começa e onde termina. Sobre ela  não se decide absolutamente nada. Chega, avassala o cerebro e deslumbra os olhos. Ela simplesmente acontece. Mas e ai?

Belo dia você abre os olhos e ela esta la, sentada na cadeira ao lado da sua cama,  você evita olhar o relogio porque percebe que ela deixou de ser uma menina bonita de rosto sardento e rosado e passou a ser um senhor de barba, sentado em sua cadeira de balanço ressoando o maldito tic-tac na sua cabeça. A mesma que você enfia no travesseiro. Se enrolando toda naquela sobra de cobertas que fica na cama depois que o marido sai. 

Você desliga o mundo e organiza a mente, no silêncio do quarto, pelo lado de dentro. E por esse lado, graças a Deus, nunca te foi sugerido que abandonasse alguma parte essencial sua. Então você decide ir, imperfeita mas inteira. Porque somos assim,  Mick Jagger e eu, dramáticos que acreditam no poder avassalador da insatisfação. Somos desses capturados pela incontrolável vontade de viver. Ela esta bem ali, na antessala da vida te esperando, querendo uma chance, uma brecha, uma resposta. É a conta chegando, e você não pode estar no saldo devedor.
Por isso decide, agora é janeiro o ano inteiro. Liberdade pra fazer tudo o que se quer fazer. E não existe nada mais gostoso e livre do que se deixar levar pelo que o coração manda. 

Já que somos uma jornada, aproveitemos a viagem. 
Pode cortar a fita da linha de chegada. Se ouvir meu nome na boca da vida, não poderei responder (não agora), sinto muito.  Eu fico aqui com meu café, amando música, sendo amada e tendo a sorte de poder ouvir meu coração, porque eu só quero viver e isso é pra Ontem! 



POR: DRI ANDRADE


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